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quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Quarto 19

Já no pé do cortiço o quarto 19 não me interessa mais. De longe vejo suas esfareladas colunas de concreto se desprendendo das paredes de tijolos com tons em ferrugem. Mal posso acreditar que outrora minha liberdade estava presa em finos traços emoldurados, dois côvados e meio deles em formas lineares perfeitamente colocadas em minhas mãos.

Não posso conter o aperto no peito em deixar o velho cortiço; recordando o quarto 19 ainda com seus lençóis enrugados e a janela de madeira roída aberta, soprando a cortina escarlate e seu interior preenchido com o que  havia visto de mais belo.

O que tenho agora é a fria e infinita estrada e mesmo que caminhe sem rumo, sei que todos os caminhos me levarão à um único lugar, menor do que alguns poucos passos, mas o suficiente para estar em mim. Cada pedaço do que se passou em um ciclo de lua, cada minuto que se desejou não ter fim, vai estar comigo em cada passo à frente, do quarto 19.

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